“ORAÇÃO SEM NOME”
Escuta, Deus:
jamais falei contigo.
Hoje quero saudar-Te.
Bom dia! Como vais?
Sebes? Disseram que
Tu não existes,
E eu, tolo, acreditei
que era verdade.
Nunca havia reparado
a Tua obra.
Ontem à noite, da
trincheira rasgada por granadas,
vi Teu céu estrelado
e compreendi então
que me enganaram.
Não sei se apertarás
a minha mão.
Vou Te explicar e hás
de compreender.
É engraçado: neste inferno hediondo
achei a luz para
enxergar o Teu rosto.
Dito isto, já não
tenho muita coisa a Te contar:
Só que... que...
tenho muito prazer em conhecer-Te.
Faremos um ataque à
meia-noite.
Não sinto medo.
Deus, sei que Tu
velas...
Ah! É o clarim! Bom
Deus, devo ir-me embora.
Gostei de ti, vou ter
saudades... quero dizer:
será cruenta a luta,
bem o sabes,
e esta noite pode ser
que eu vá bater-Te à porta!
Muito amigos não
fomos, é verdade.
Mas... sim, estou
chorando!
Vês, Deus, penso que já não sou tão mau.
Bem, Deus, tenho que
ir. Sorte é coisa bem rara:
Juro, porém: já não
receio a morte.
- - - - - - - - - - -
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Do livro: “Deus em
Casa” – de M. J Schmidt
(O autor deste poema, quem o sabe? Foi encontrado,
em pleno campo de batalha, no bolso de um soldado
americano desconhecido; do rapaz estraçalhado por
uma granada, restava apenas intacta esta folha de papel.)
“Mensageira do
Rei” - 2º trimestre de 1974
“CHAME O MESTRE”
1
Numa fábrica, se via
Um aviso ao tecelão:
- Se tiver dificuldades,
Chame o mestre de plantão!
2
Na oficina da existência,
Vê-se outra observação:
- Se você tiver problemas,
Chame o Mestre, em oração!
Autor: Mário Barreto França –
De: ‘No Reino Azul
das crianças’
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