“APENAS
UMA PEQUENA BRECHA”
Havia uma família que
morava numa montanha. Era um lindo lugar, principalmente na época do outono.
Todos trabalhavam. Levantavam-se cedo e cada um tinha a sua tarefa determinada.
Apenas o avô ficava sentado na varanda, acompanhando o ritmo da natureza em sua cadeira de
balanço.
Na hora do almoço a
casa se enchia de vozes. Um a um todos se reuniam à mesa. Mas, logo saiam para
retornar aos seus afazeres.
Certo dia, o avô viu
um esquilo sair de uma brecha do teto. Ele observou atentamente e notou que o
pequeno animal ia e vinha, sempre levando para fora da casa algumas farpas de
madeira. Curioso, resolveu investigar que tanto trabalho o esquilo fazia.
Deixou a cadeira balançando sozinha e caminhou até o canto da sala onde
estava a pequena brecha. Notou, para surpresa sua, que o esquilo estava como
que desafiando uma das vigas do teto. A
madeira estava fraca e os pequenos mas
afiados dentes do esquilo faziam o trabalho parecer aparentemente fácil.
À noite, ao chegar em
casa, o filho foi logo notificado pelo avô. O pai deu uma olhada...
- É apenas uma
pequena viga, no final de semana a
consertarei.
- Feche pelo menos a
brecha, falou o avô, num tom de voz preocupado.
- O que um pequeno
esquilo pode fazer? , retrucou o pai – E foi pegar o seu prato de sopa que
estava em cima do fogão.
O que o pai não
contava é que o esquilo não ficaria de folga até o final de semana e muito
menos com o que estava para acontecer.
O avô, sem poder
fazer nada, passou a semana olhando o esquilo trabalhar incessantemente.
Parecia que o esquilo estava prevendo o futuro.
No fim de semana, o
tempo daquele final de outono mudou completamente. O vento soprou forte e naquela noite todos dormiam juntinhos, para
diminuir o frio que entrava pelas frestas da casa. Ao amanhecer, as janelas estavam brancas e o sol
escondido nas nuvens do céu.
O pai levantou-se,
abriu um pouco a janela e concluiu que todos teriam de passar o final de semana
dentro de casa. Neste momento ele lembrou-se da viga e foi até o canto da sala.
Para sua tristeza, notou que um fio de madeira estava no lugar que deveria ser
ocupado pela pequena mas necessária viga. Para consertá-la, seria necessário
tirar as telhas. Mas isso agora era impossível. E se não o fizesse, mais uma
neve forte que caísse poderia fazer o telhado romper naquela parte da sala.
- Por que pelo menos
eu não fechei a brecha enquanto ainda era tempo?
Ainda absorto em seus
pensamentos, o pai estremeceu, ao notar que novamente a neve começava a cair.
Agora era inevitável: as vigas iriam ceder e sua família estaria em perigo.
É preciso ouvir a voz
do bem, quando nos avisa que por uma pequena abertura o mal está entrando em
nossa vida...
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Sílvia Néli Falcão
Barbosa
“VISÃO MISSIONÁRIA”
2º trim. De 1989
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